quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Agora, falando sério.

Bem, nem sei se dá pra falar tão sério assim. Depois que eu vi os comentários que os meus amigos postaram no facebook em resposta à minha pergunta sobre o MOL (Química), acho que tudo perdeu a seriedade. Peço, de antemão, perdão aos professores de Química, como peço aos de Física, de Matemática e de Biologia. Assim, fica claro que eu sou Humanas até os ossos. E eu descobri isso cedo? Sim, ali pela 6ª série quando eu me saí extremamente mal numa prova de Matemática. Foi a primeira "nota vermelha" da minha vida.

Tirando os nerds, que gostam de absolutamente tudo, acho que nós, seres normais, tendemos, sempre, para uma das áreas: Humanas, Saúde ou Exatas. E isso se define relativamente cedo em nossas vidas.

Descobri, rapidamente, que o meu negócio era Humanas e não Exatas, nem Saúde. Descobri que não era Saúde porque não vi a menor graça em dissecar o sapo que colocaram na minha mesa na aula de laboratório. Pouco tempo depois, descobri ainda mais fortemente que Saúde não era a minha praia quando, numa festa, um danado de um menino atravessou uma porta de vidro e, ao vê-lo todo ensanguentado, o meu sangue foi fugindo de mim, a visão ficou turva e, por um momento, as pessoas que estavam cuidando do menino ensanguentado desviaram a atenção para mim. Que vergonha. Se, por um lado, descobri que eu não tinha nada a ver com Saúde e detestava Exatas; por outro lado, tinha um prazer próximo ao do sexo nas aulas de Português, Redação e, principalmente, de História. Eu não quero nem pensar no tempo perdido e no espaço ocupado do meu cérebro com coisas que eu jamais utilizei em minha vida nas áreas de Química, Física, Biologia e Matemática. E, acreditem, eu até tento utilizar. Dia desses, precisávamos descobrir como fazer a base de uma peça que era uma circunferência. Eu sabia que, em algum momento, eu tinha estudado aquilo. Mas, não lembrei. Fui no Google e ele me disse que era 2π.r. Eita! Usei, usei, usei! Saí que nem Arquimedes saiu da banheira, nu, gritando pelas ruas de Siracusa: "Eureka! Eureka!". Bom, eu, pelo menos, não estava nu.

Mesmo levando em conta as aulas de Química, Física, Biologia e Matemática que matei no Ensino Médio, pra ficar tocando violão e flauta doce, consegui ser aprovado na UFPE para Administração de Empresas, em um belo de um 7º lugar. Se fosse hoje, com o tanto de violão e flauta doce que eu toquei, e tivesse feito vestibular para Música, teria ficado com o primeiro lugar e ainda ganhava o carro 0km da Globo. Que maldade, Ivanildo Holanda! Que comentário capcioso! E por falar nisso...

Dos dez primeiros colocados no Vestibular das Federais, deste ano de 2011 da era cristã, seis, isso mesmo, seis são do curso de Música! Uau! Dizem por aí que o pessoal de Medicina tá pau da vida. É claro que qualquer pessoa sensata vai achar esse resultado muito estranho. Houve mudança de critério e, tá na cara, uma mudança de critério braba. Eu fico imaginando que isso foi decidido numa reunião de sábado à tarde, ali pelas 17h. Os professores que foram definir o destino de mais de 40 mil feras chegaram todos já meio altos das cervejas que tomaram ao longo do dia. O Prof. Zacarias Sterlig dirige-se a um colega de forma escrachada:

- Fala aí, "Oião"!

Ou vocês acham que os professores universitários se tratam formalmente numa reunião de sábado à tarde para decidir sobre vestibular?  O Prof. Stenio Kochanwsky, o Oião, responde na mesma moeda:

- Fala, Zé Ruela. Quem foi o "viado" que marcou essa porra dessa
reunião num sábado à tarde?

Nessa hora, levanta a Profª Alícia, presidente de uma das comissões, com toda sua simpatia, e diz com aquela cara de b#%*& que ela tem:

- Fui eu, professores. Por favor, ilustres membros do conselho, vamos manter um pouco de dignidade acadêmica.

Nessa hora, o mais velhinho do grupo, à beira da aposentadoria compulsória e completamente embriagado, sai do banheiro sem as calças, vestindo apenas uma cueca samba-canção de bolinhas vermelhas. O professor doutor Remildo Roller, com uma lata de cerveja na mão, esbraveja:

- Dignidade acadêmica é o cara#%*¥. Eu quero é música, eu quero é música! Rola o sambinha aí, pessoal!.

Foi então que, inspirados pela fala de Roller, outros três professores começam a batucar o samba famoso de Ataulfo Alves na mesa de reunião, trocando o nome de Amélia por Alícia e acrescentando textos mundanos à letra da música. Em coro, soltaram a voz:

- Alícia não tinha a menor vaidade... Por cima!!! Alícia é que era mulher de verdade... Por baixo!!!

Todos, na sala, tomaram um grande susto quando, de um armário grande que estava na sala, saiu o presidente do conselho com tanguinha,  botas vermelhas e peruca loura e gritou, saltitando:

- Eu tenho a força!

A saída do presidente do armário foi como um breque no samba. E todos concordaram, para terminar logo aquela reunião de sábado, em menos de15 minutos, animados por cerveja e música, que o curso de Música é que arrasaria nos resultados do Vestibular. E assim foi decidido.

Por favor, que a galera de Música não fique com raiva de mim. Mas, se houve uma mudança de critério, quem mudou tem que assumir.

O Vestibular desse ano está sendo marcado por uma coleção de fatos que, no mínimo, maculam o processo. A Covest fez a maior lambança colocando nome de candidatos no listão que, de fato, não haviam sido aprovados. Armando alguma tentativa de resposta, o presidente interino se enrola, e tenta enrolar o público, dizendo que o sistema não falha, que a culpa foi dos candidatos, que the book is on the table... Mas não sabe explicar exatamente o que aconteceu. Dá pra ver, nitidamente, que o cara não sabe o que está falando. Ouviu o galo cantar e não sabe onde. Que pena ver uma instituição como a Covest, que era sinônimo de credibilidade, se afundar numa história dessas. Nesta quinta, 24 de fevereiro, a Covest vai entregar ao Ministério Público as suas justificativas documentadas, provando que o erro foi dos alunos e não da instituição. Dizem eles.

E as redações do ENEM? Teve corretor botando a boca no trombone, dizendo que não recebeu instrução, nem treinamento, para fazer o trabalho. Que processo seletivo é esse, afinal? Que educação é essa, afinal?

A educação no Brasil precisa ser revista de forma inteligente. E há umas burrices no processo que não têm justificativa. Por exemplo: muitos alunos, hoje, estudam inglês em cursos específicos de línguas. Isso faz com que esses alunos fiquem muito acima do nível dos colegas na escola regular. Enquanto o que faz o curso específico, intercâmbio, proficiência pelas Universidades de Michigan e Cambridge comunica-se perfeitamente na língua estrangeira, os outros estão cumprindo um ritual de perda de tempo, já que não se aprende uma língua estrangeira em turmas de 60, 70 alunos. Essa situação aconteceu comigo quando fui aluno, aconteceu comigo quando fui professor e acontece agora com os meus filhos. Colocar esse menino para ler qualquer coisa na biblioteca será uma atitude mais inteligente do que deixá-lo numa sala ouvindo coisas como "o plural de mouse é mice" ou o indefectível “the book is on the table”. É preciso ter um saquinho com uma imensa capacidade de armazenagem. Será que os burocratas não veem isso? É muita inércia! Eita! Usei Física, usei Física! Usei Físicaaaaaaa!!!!!

As coisas vão sendo empurradas com a barriga dos que ditam as regras da educação. Para eles, tá bom assim, tá tudo bem assim. Continuam Armando, continuam cantando: Alícia não tinha a menor vaidade… Vamos ver, no próximo ano, qual o curso que eles vão escolher para ter a melhor classificação no Vestibular das Federais. Afinal, são eles que gritam:

- Eu tenho a forçaaaaaa!!!! Uau!


É bom a gente sempre saber os nomes dos que estão à frente das Universidades, Conselhos de Educação, Comissões de Vestibulares e legisladores para que eles sejam responsabilizados pelo mal que causam à educação do país.

MEC
Ministro: Fernando Haddad

COVEST
Presidente: Lícia de Souza Leão Maia 

Presidente Interino: 
Armando José Pessoa Cavalcanti

CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PERNAMBUCO
Presidente: Fernando Antônio Gonçalves 
Vice-Presidente: José Amaro Barbosa da Silva 


Conselho Nacional de Educação:
Presidente: Antônio Carlos Caruso Ronca

Reitor UFPE: Amaro Lins
Reitor UPE: Carlos Fernando de Araújo Calado

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