Certo dia, no entanto, precisamos rodar um filme para um resort. Para os modelos, tanto adultos como mirins, uma coisa super divertida. Trabalho pesado mesmo só para a equipe de produção e gravação, embaixo de sol, percorrendo as distâncias descomunais, entre um set e outro, naquele lugar imenso.
Juliana passeando pelo resort |
Modelos sofrendo à beira da piscina |
Juliana segurando a vela para os modelos |
Lá estava a menina - que eu fiz questão de esquecer o nome - brincando com Klaus, um dos meus modelos mirins favoritos. A menina ria um riso alto e solto. Aí cheguei junto dela para fazer aquele ritual de aproximação e conquistar a confiança da menina. Ao me ver, ela ficou séria. Quando eu falei com ela, ela ficou abusada. Quando eu pedi pra gente gravar a primeira cena, ela esboçou um choro.
- Ai, meu saquinho!
Fui tentando usar a psicologia que acumulei nos anos e anos de direção.
- Sorria, meu amorzinho. Sorria aqui pra lente! Sorria pra o tio.
Sorria para a #*¥x%#
Nada! Ela realmente queria me sacanear. E eu digo isso porque, assim que eu parava de olhar pra ela, aquela doçura de criança começava a rir incontrolavelmente. Aí eu apontava a câmera e ela ficava séria. E foi assim ao longo do dia. Mas você sabe de quem é a culpa de uma situação assim? A culpa, em primeiro lugar, é da mãe. A mãe sempre projeta na filha o que ela gostaria de ter sido. E, se a filha tiver olhos claros, aí é que projeta mesmo. A mãe vai fazer tudo pra colocar a danada da menina na TV. Mesmo que a menina não queira. Como essa não queria. Mas a culpa definitiva é minha. É minha, exclusivamente minha. Eu não poderia deixar de exigir um teste de estúdio como fazemos em quase todas as situações.
A equipe tentando me acalmar |
Ricardo Jacaré, diretor de fotografia, e Adriana, mãe de Klaus. |
Jacaré - NatGeo - NatGeo - Jacaré...
Foi uma inspiração. Pedi a Jacaré para esconder a câmera bem longe, atrás de umas árvores, camuflá-la e usar a maior teleobjetiva que tivéssemos. Saí de cena para a menina achar que eu tinha ido embora. Afinal, ela havia me rejeitado como diretor. E aí ela se desmanchou em risos. Ria do palhaço, ria da mãe, ria para a produtora, ria para o maquiador. Ria até da própria sombra. Ria, ria, ria e ria. E foi só assim, usando a técnica do NatGeo, Discovery e BBC ao filmarem os animaizinhos da natureza, que eu consegui captar a graciosidade daquela, daquela...daquela... menina que tirou um dia da vida dela exclusivamente para me sacanear. Bem que minha mãe queria que eu tivesse estudado para conseguir passar no exame do Instituto Rio Branco e ser diplomata do Itamaraty. Mas, aí, eu resolvi ser publicitário. Bem feito!
As suas histórias supreendem, que menina capetinha..rs
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ResponderExcluirSei não.. tô com pena é da pobrezinha da menininha. Tem certeza que vc não beslicou a coitadinha? Fala a verdade vai...
ResponderExcluirDe jeito nenhum, Rejane. Para todos os efeitos, eu adoro criança.
ResponderExcluirHahahahahah. A técnica de filmar os "animaizinhos" da natureza foi foda!
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